Andréa, Stefânia, Fernanda e Bia. Foto divulgação |
Uma gaúcha, uma mineira e duas cariocas. Profissionais de cinema que se encontraram no Rio de Janeiro. Estudaram, trabalharam, criaram, rodaram curtas, formaram coletivos. Tanto esforço não foi em vão. Hoje invadem Hollywood e começam a rodar longas na terra do cinema. Stefânia Vasconcellos, diretora e roteirista, filma seu primeiro longa, “The French Teacher” (ela também foi uma das diretoras de filme produzido por James Franco), com ajuda da diretora de fotografia Andréa Cebukin, da atriz Fernanda Nizzato e da foquista Bia Mauro. A equipe ainda teve os brasileiros Miguel Muller, produtor executivo, e Gustavo Brum, gaffer.
Conversamos com três delas, a gaúcha Stefânia, a carioca Andréa e a mineira Fernanda, sobre a experiência hollywoodiana.
Stefânia Vasconcellos - diretora e roteirista
Conte nos um pouco sobre o filme The French Teacher, sobre o processo de produção e gravação dele.
Stefânia - O filme conta a história da Cleo, uma professora de francês de meia-idade, que se vê em crise. Ela começa a ter um affair com um dos seus alunos, Matthew, que é bem mais jovem que ela. Quando o pai dela morre, sua filha, Sophie, vem de Nova Iorque pra ficar um tempo com ela. A presença da filha e o envolvimento com Matthew acaba trazendo alguns fantasmas do passado de Cleo.
É um filme de personagem, e como é meu primeiro longa sozinha na direção eu explorei ao máximo, é um filme bem experimental e pessoal. A ideia para o filme surgiu quando eu conheci a atriz Marie Laurin em um projeto que trabalhamos juntas ano passado. Ela é maravilhosa e eu queria muito trabalhar com ela novamente, então foi que eu falei com ela sobre a ideia do The French Teacher e ela adorou. Alguns meses depois começamos a nos encontrar e falar mais seriamente sobre o projeto. Eu escrevi o primeiro tratamento do roteiro e depois ela e outra roteirista, Clara Gabrielle, entraram no processo da escrita comigo ate termos o tratamento final.
A produção foi uma loucura, haha... fizemos o filme em 12 dias, os mais intensos da minha vida. Fazer um filme é como uma guerra, e cada dia você luta batalhas diferentes. Ainda mais quando você está fazendo um filme low budget, tem sempre milhões de coisas acontecendo e quando não se tem grana para resolver os problemas você precisa ser mais criativo, o que eu acho que no final das contas acaba te colocando no limite e as vezes as coisas saem ate melhor do que você estava pensando. Mas acho que tudo deu muito certo, a equipe foi maravilhosa, os atores incríveis, trabalhei com meus amigos e pessoas que eu confio muito e que também confiam em mim, então foi bem especial, um filme feito com muito amor.
Conversamos com três delas, a gaúcha Stefânia, a carioca Andréa e a mineira Fernanda, sobre a experiência hollywoodiana.
Stefânia Vasconcellos - diretora e roteirista
Conte nos um pouco sobre o filme The French Teacher, sobre o processo de produção e gravação dele.
Stefânia - O filme conta a história da Cleo, uma professora de francês de meia-idade, que se vê em crise. Ela começa a ter um affair com um dos seus alunos, Matthew, que é bem mais jovem que ela. Quando o pai dela morre, sua filha, Sophie, vem de Nova Iorque pra ficar um tempo com ela. A presença da filha e o envolvimento com Matthew acaba trazendo alguns fantasmas do passado de Cleo.
É um filme de personagem, e como é meu primeiro longa sozinha na direção eu explorei ao máximo, é um filme bem experimental e pessoal. A ideia para o filme surgiu quando eu conheci a atriz Marie Laurin em um projeto que trabalhamos juntas ano passado. Ela é maravilhosa e eu queria muito trabalhar com ela novamente, então foi que eu falei com ela sobre a ideia do The French Teacher e ela adorou. Alguns meses depois começamos a nos encontrar e falar mais seriamente sobre o projeto. Eu escrevi o primeiro tratamento do roteiro e depois ela e outra roteirista, Clara Gabrielle, entraram no processo da escrita comigo ate termos o tratamento final.
A produção foi uma loucura, haha... fizemos o filme em 12 dias, os mais intensos da minha vida. Fazer um filme é como uma guerra, e cada dia você luta batalhas diferentes. Ainda mais quando você está fazendo um filme low budget, tem sempre milhões de coisas acontecendo e quando não se tem grana para resolver os problemas você precisa ser mais criativo, o que eu acho que no final das contas acaba te colocando no limite e as vezes as coisas saem ate melhor do que você estava pensando. Mas acho que tudo deu muito certo, a equipe foi maravilhosa, os atores incríveis, trabalhei com meus amigos e pessoas que eu confio muito e que também confiam em mim, então foi bem especial, um filme feito com muito amor.
Como você conheceu a Fernanda e a Andréa? Como era trabalhar com elas no Brasil e como foi a experiência de trabalharem juntas em Hollywood?
Stefânia - Eu conheci a Fer há uns 6 anos atrás no curso de direção da Darcy Ribeiro. Desde então somos grandes amigas, fizemos muitas coisas juntas, e ela me apresentou a Andréa que também virou uma das minhas melhores amigas. Trabalhar num set com pessoas que você ama e tem afinidade é sempre bom.
A Andréa fez a fotografia do meu curta “No caminho dos pés” e foi lindo, temos uma conexão criativa maravilhosa. E neste filme eu conheci outra mina incrível, a Bia Mauro, que foi um grande presente da vida, além de ser a melhor foquista que eu já conheci.
Quais os teus próximos passos?
Stefânia - Agora é terminar o filme, começar a pós produção o mais rápido possível… rss…
E depois tirar mais filmes do papel, tenho alguns projetos em desenvolvimento, vamos ver qual deles eu vou realizar primeiro. Tenho vontade de fazer alguma coisa no Brasil também, ficar um tempo aqui e lá, vamos ver o que a vida vai me apresentar.
Assista ao curta "No Caminho dos Pés", direção de Stefânia Vasconcellos e fotografia de Andréa Cebukin:
NO CAMINHO DOS PÉS (THE WAY) 2014. from Stefânia Vasconcellos on Vimeo.
Andréa Cebukin – diretora de fotografia
Como foi a experiência de filmar na terra do cinema? Como foram as gravações?
Andréa - Foi muito bom, Hollywood respira cinema. São muitos filmes gravados todos os dias. Mas, essa não foi a minha primeira experiência em trabalhar na terra do cinema. Alguns anos atrás, passei uma temporada lá e foi um aprendizado muito importante para fazer a direção de fotografia desse filme agora. Naquela ocasião tive que começar do zero novamente. Era um novo lugar, uma nova língua e eu precisava construir uma rede de relacionamentos. Agora, já estava um pouco mais confortável com a língua e o ambiente.
Para mim, a principal diferença de rodar nos EUA é que lá a meritocracia é claramente muito mais importante. Quem faz um bom trabalho cresce rapidamente, aqui sinto que a indústria é mais fechada. Outra diferença importante é que alugar os equipamentos é muito mais acessível. Um filme de baixo orçamento consegue alugar uma RED ou Alexa, com lentes Cooke, Angenieux, Ultra Primes, as melhores câmeras e lentes do mercado, enquanto aqui no Brasil, somente grandes produções conseguem usar esse tipo de equipamento.
Quanto às gravações do filme, rodamos um longa em 12 dias, foi uma loucura. Ainda mais porque tivemos várias locações diferentes. Na média foram quase que uma por dia e ainda com direito a viagem para gravar algumas cenas em Big Bear, à 3h de Los Angeles. Foi tão intenso, que quando terminou senti um vazio enorme.
Direção de Fotografia é uma das funções com menos representatividade feminina no Brasil. Sentiu alguma diferença trabalhando aqui e na gringa?
Andréa - Não senti muita diferença entre trabalhar aqui no Brasil ou em Los Angeles. Na verdade, a falta de representatividade feminina na direção de fotografia é enorme por lá também. Recentemente li algumas estatísticas mostrando que o percentual de mulheres nessa área é em torno de 8% no Brasil e 3% em Hollywood. Até hoje, nenhuma mulher foi indicada ao Oscar de melhor direção de fotografia, uma das premiações de cinema mais famosas no mundo. Nós mulheres ainda precisamos batalhar muito para equilibrar um pouco mais esses dados. É vergonhosa essa diferença. Como mulher posso dizer que já senti preconceito inúmeras vezes tanto aqui no Brasil quanto nos EUA, sem falar no assédio.
Conte-nos um pouco sobre tua experiência como diretora de fotografia.
Andréa - Estudei Comunicação Visual em uma Escola de Belas Artes e sempre gostei da área de fotografia. Fazia vários trabalhos em fotografia, fazia fotos para revistas, até que fui chamada para fazer still de um filme. Porém, o diretor de fotografia ficou sem assistente e a diretora sugeriu que eu fizesse o trabalho. O diretor de fotografia era o Dib Lutfi. Foi incrível trabalhar com alguém tão importante para o cinema brasileiro logo cedo na minha carreira. O Dib teve muita paciência e generosidade para me ensinar muito sobre assistência e fotografia no cinema. Depois desse filme comecei fazendo fotografia de um documentário e não parei mais. Na minha carreira comecei cedo a fazer direção de fotografia, mas em um momento resolvi fazer assistências de câmera em projetos grandes, que foram muito importantes para ganhar experiência em sets de filmagens. Dá muito mais segurança quando começa a pegar projetos maiores.
Fernanda Nizzato - atriz
Série na Globo, novela na Record e agora longa em Hollywood. Como foi a experiência de gravar na gringa?
Fernanda - Experiência foi maravilhosa. Acho que temos que nos desafiar, o ator tem que se provocar e sair da zona de conforto. Mesmo sendo uma participação tive falas em francês, um grande desafio, pois não domino a língua. Aprendi muito.
Além de atriz você também é diretora e trabalha em outras áreas do cinema. Conte-nos sobre teus trabalhos e como é exercer diversas funções.
Fernanda - Dirigi e produzi o curta metragem "A Lança e o Dragão" , onde quis me dedicar somente à direção. Só cresci como atriz ao experimentar o outro lado das câmeras. Entender como funciona todo o processo de um filme só te enriquece. Tenho projetos que pretendo dirigi e atuar, isso te dá liberdade de criação e investimento em você mesmo.
Que conselhos daria para as mulheres que desejam seguir carreira na área audiovisual?
Fernanda - Vão em frente. Cada vez mais vemos diretoras no audiovisual e precisamos de vozes femininas para contar histórias. O olhar feminino, o ponto de vista da mulher é muito importante para as pessoas. Não só na direção, mas em outras funções. Por exemplo neste filme "The French Teacher" que rodamos agora nos Estados Unidos, a equipe era praticamente toda de mulheres. Assistente de câmera, diretora e diretora de fotografia. Tivemos um depoimento da atriz que disse ter amado trabalhar com mulheres, que a ajudou muito nas cenas de nudez e sexo.
Assista ao curta "A Lança e o Dragão", direção de Fernanda Nizaato e fotografia de Andréa Cebukin:
A Lança e o Dragão - legendado from fernandanizzato on Vimeo.
NO CAMINHO DOS PÉS (THE WAY) 2014. from Stefânia Vasconcellos on Vimeo.
Andréa Cebukin – diretora de fotografia
Como foi a experiência de filmar na terra do cinema? Como foram as gravações?
Andréa - Foi muito bom, Hollywood respira cinema. São muitos filmes gravados todos os dias. Mas, essa não foi a minha primeira experiência em trabalhar na terra do cinema. Alguns anos atrás, passei uma temporada lá e foi um aprendizado muito importante para fazer a direção de fotografia desse filme agora. Naquela ocasião tive que começar do zero novamente. Era um novo lugar, uma nova língua e eu precisava construir uma rede de relacionamentos. Agora, já estava um pouco mais confortável com a língua e o ambiente.
Para mim, a principal diferença de rodar nos EUA é que lá a meritocracia é claramente muito mais importante. Quem faz um bom trabalho cresce rapidamente, aqui sinto que a indústria é mais fechada. Outra diferença importante é que alugar os equipamentos é muito mais acessível. Um filme de baixo orçamento consegue alugar uma RED ou Alexa, com lentes Cooke, Angenieux, Ultra Primes, as melhores câmeras e lentes do mercado, enquanto aqui no Brasil, somente grandes produções conseguem usar esse tipo de equipamento.
Quanto às gravações do filme, rodamos um longa em 12 dias, foi uma loucura. Ainda mais porque tivemos várias locações diferentes. Na média foram quase que uma por dia e ainda com direito a viagem para gravar algumas cenas em Big Bear, à 3h de Los Angeles. Foi tão intenso, que quando terminou senti um vazio enorme.
Direção de Fotografia é uma das funções com menos representatividade feminina no Brasil. Sentiu alguma diferença trabalhando aqui e na gringa?
Andréa - Não senti muita diferença entre trabalhar aqui no Brasil ou em Los Angeles. Na verdade, a falta de representatividade feminina na direção de fotografia é enorme por lá também. Recentemente li algumas estatísticas mostrando que o percentual de mulheres nessa área é em torno de 8% no Brasil e 3% em Hollywood. Até hoje, nenhuma mulher foi indicada ao Oscar de melhor direção de fotografia, uma das premiações de cinema mais famosas no mundo. Nós mulheres ainda precisamos batalhar muito para equilibrar um pouco mais esses dados. É vergonhosa essa diferença. Como mulher posso dizer que já senti preconceito inúmeras vezes tanto aqui no Brasil quanto nos EUA, sem falar no assédio.
Conte-nos um pouco sobre tua experiência como diretora de fotografia.
Andréa - Estudei Comunicação Visual em uma Escola de Belas Artes e sempre gostei da área de fotografia. Fazia vários trabalhos em fotografia, fazia fotos para revistas, até que fui chamada para fazer still de um filme. Porém, o diretor de fotografia ficou sem assistente e a diretora sugeriu que eu fizesse o trabalho. O diretor de fotografia era o Dib Lutfi. Foi incrível trabalhar com alguém tão importante para o cinema brasileiro logo cedo na minha carreira. O Dib teve muita paciência e generosidade para me ensinar muito sobre assistência e fotografia no cinema. Depois desse filme comecei fazendo fotografia de um documentário e não parei mais. Na minha carreira comecei cedo a fazer direção de fotografia, mas em um momento resolvi fazer assistências de câmera em projetos grandes, que foram muito importantes para ganhar experiência em sets de filmagens. Dá muito mais segurança quando começa a pegar projetos maiores.
Fernanda Nizzato - atriz
Série na Globo, novela na Record e agora longa em Hollywood. Como foi a experiência de gravar na gringa?
Fernanda - Experiência foi maravilhosa. Acho que temos que nos desafiar, o ator tem que se provocar e sair da zona de conforto. Mesmo sendo uma participação tive falas em francês, um grande desafio, pois não domino a língua. Aprendi muito.
Além de atriz você também é diretora e trabalha em outras áreas do cinema. Conte-nos sobre teus trabalhos e como é exercer diversas funções.
Fernanda - Dirigi e produzi o curta metragem "A Lança e o Dragão" , onde quis me dedicar somente à direção. Só cresci como atriz ao experimentar o outro lado das câmeras. Entender como funciona todo o processo de um filme só te enriquece. Tenho projetos que pretendo dirigi e atuar, isso te dá liberdade de criação e investimento em você mesmo.
Que conselhos daria para as mulheres que desejam seguir carreira na área audiovisual?
Fernanda - Vão em frente. Cada vez mais vemos diretoras no audiovisual e precisamos de vozes femininas para contar histórias. O olhar feminino, o ponto de vista da mulher é muito importante para as pessoas. Não só na direção, mas em outras funções. Por exemplo neste filme "The French Teacher" que rodamos agora nos Estados Unidos, a equipe era praticamente toda de mulheres. Assistente de câmera, diretora e diretora de fotografia. Tivemos um depoimento da atriz que disse ter amado trabalhar com mulheres, que a ajudou muito nas cenas de nudez e sexo.
Assista ao curta "A Lança e o Dragão", direção de Fernanda Nizaato e fotografia de Andréa Cebukin:
A Lança e o Dragão - legendado from fernandanizzato on Vimeo.
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