Garotas de Tóquio Argumento e desenho: Frédéric Boilet Conrad / Colorido / 2006 / 77 pág. Frédéric Boilet é o precursor do movimen...

13:11:00 by marcelo engster
Garotas de Tóquio
Argumento e desenho: Frédéric Boilet
Conrad / Colorido / 2006 / 77 pág.


Frédéric Boilet é o precursor do movimento Nouvelle Manga. No Wikipédia, encontramos que “Boilet vê o movimento como uma tentativa de diminuir a distância entre os quadrinhos de todas as nacionalidades ou pelo menos entre os quadrinhos de autores da Europa e do Japão. Ele deseja fazer isso promovendo e criando trabalhos que combinem os melhores aspectos do movimento nouvelle vague do cinema francês, com mangás que tratam do cotidiano e histórias em quadrinho franco-belgas. De acordo com ele, o ponto forte dos mangás está na experimentação com narrativas enquanto o dos quadrinhos franco-belgas seria a experimentação com o estilo e o design. Como resultado, Boilet quer ver quadrinhos que capturem a essência da vida humana, feitos com um visual e estilo narrativo dinâmicos. Por tratarem de temas mais universais, esses seriam quadrinhos que atrairiam uma audiência maior do que a dos fãs costumeiros; que atrairiam os adultos e os jovens, os homens e as mulheres. Assim como no Japão, as pessoas leriam quadrinhos por curiosidade, como quando vão ao cinema ou lêem um livro.”
O livro Garotas de Tóquio faz parte deste movimento. Ele seria o relato das experiências vividas pelo autor quando este colocou anúncios, na revista de mangá para qual desenha, em busca de modelos para suas histórias. Boilet fotografava e filmava as garotas e depois as desenhava. As histórias passam esta impressão. O desenho parece ser feito em cima de fotografias. As situações são corriqueiras, sem apelações, e as garotas retratadas são normais.
Em entrevista para a revista Trip (não descobri o ano nem a edição da mesma) Boilet afirma que estava com vontade de sair pelo mundo fazendo quadrinhos-reportagem. “O Japão era o lugar certo para começar. Pela dificuldade de acesso, por não falar a língua e não conhecer praticamente nada do país, me coloquei o desafio: se conseguir fazer quadrinhos lá vou conseguir fazer em qualquer lugar do mundo!” Sobre sua obra, o autor diz que “Meu interesse sempre foi falar do cotidiano, de todos os elementos de uma relação entre um homem e uma mulher. Sedução, primeiro encontro, separação. Não há sentido em contar uma história de amor que termina quando a luz do quarto é apagada.” E mais, sobre a cultura japonesa relata que “por não viverem numa sociedade judaica nem cristã, os japoneses não ensinam suas crianças para que se sintam culpadas com relação ao desejo sexual. O sexo é considerado um jogo. No lugar da culpa, o que eles têm é uma noção de vergonha. Se alguém te olha com olhar desaprovador, aí você sabe que aquilo é ruim. Mas, no quarto, quando os dois estão com as portas fechadas, não existe essa pressão.”
Histórias pequenas com situações comuns. Em suma, Garotas de Tóquio é um livro deveras agradável de ler.
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Site oficial de Frédéric Boilet.
Garotas de Tóquio está disponível para download no F.A.R.R.A.

3 comentários:

  1. Che, que massa tá teu blog. Não só o visual novo, mas as postagens.

    O Sica realmente é foda, bom tu ter destacado ele aqui. E ótima a sacada do Maurício. Quanto ao Boilet, eu li os espinafres de Yukiko, e é o tipo de trabalho que rende uma análise e tanto.

    No mais, queria te avisar que expandi aquele post sobre "um dia de fúria", pondo duas tiras do André Dahmer por lá. Acho que tu vai gostar. Assisti o vídeo aquele do escritório japonês e, não é ironia não, fiquei encantado! Esses caras são mesmo exemplos!

    Abração, che!

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  2. Anônimo14:40

    Eu estava em dúvida se comprava ou não e optei por aproveitar uma promoção adquirindo essa história. Li sua resenha e só me aguçou a curiosidade eheh, por ser um fã dos filmes de godard dessa época tenho muita afinidade com a nouvelle vague.
    Esse estilo de fotografia em quadrinhos está parecendo ser a característica da inovação nos quadrinhos. Tenho percebida um uso maior no estilo; não que eu tenha algo contra, acho necessário e prazeroso que se renove esse estilo que é próximo do cinema...
    Se um se entrelaça ao outro porque não misturar as técnicas?
    gostei do seu texto e assim que ler a hq eu volto aqui pra deixar minhas impressões.

    EF.
    D

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  3. Anônimo08:06

    A história é sem sombra de dúvidas lindamente erótica. Nem um pouco apelativa! o jeito como o autor e o desenhista divagam pelas cores para mostrar os detalhes de uma menina, ou a forma como as mulheres são marcadas pela forma de seus corpos! tudo isso muito bem narrado...para não comentar sobre o estilo artístico que para além de original e inovador, nos aproxima mais de uma névoa de sonho...

    EF.
    D

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