Mangás são os famosos quadrinhos japoneses. Eles tiveram origem por meio do Oricom Shohatsu (Teatro das Sombras), após a segunda ...

15:32:00 by Unknown


Mangás são os famosos quadrinhos japoneses. Eles tiveram origem por meio do Oricom Shohatsu (Teatro das Sombras), após a segunda guerra mundial. Sempre que pensamos em mangá, lembramos daqueles personagens com olhos grandes, com muita expressividade, além dos corpos bem esguios ou exagerados. Os japoneses têm uma longa tradição de humor baseada em caretas e outras expressões engraçadas. Talvez herança que os mangás receberam da arte das caricaturas. Por isso, os mangás e animês, desenvolveram uma linguagem própria para o comportamento dos personagens.
Lobo Solitário


O primeiro mangá lançado aqui no Brasil foi Lobo Solitário (1988), pela Cedibra. Porém ele foi adaptado para leitores ocidentais. Isso acabou invertendo as artes originais e quase todos os personagens viravam canhotos. Só quando a Conrad lançou Dragon Ball, em 2000, os mangás passaram a sair no seu formato original, e lidos, “de trás pra frente”.

Com os anos a indústria de mangá cresceu muito e começou a ser dividido em demografias: 

Kodomo, destinado a crianças.
Shonen, destinado a garotos adolescentes.
Shoujo, destinado a garotas adolescentes.
Seinen, destinado a homens jovens e adultos.
Josei, destinado a mulheres jovens e adultas.


Bom agora que já sabemos o básico vamos ao assunto principal: em que papel estão as mulheres nessa historia?

É notável que praticamente todas apresentam corpos chamativos. Ou tem características como timidez e serem completamente desastradas. Até as personagens aparentam serem fortes, demonstram necessidades por cuidados ou falta de algum sentimento de independência evidente. Ai vem a pergunta: o que torna uma personagem forte?

Primeiro devemos esquecer conceitos estereotipado de força, como algo exclusivamente físico. Como a existência de personagens super poderosas ou cheias de características masculinas. Masculinizar uma personagem feminina não é um passo legal a se seguir. Isso é um equivoco até mesmo quando falamos de força em personagens masculinos.

Mas uma das características define um bom personagem em qualquer história, é simplesmente, sua importância para a trama. E o que determina isso são suas ações e seus objetivos. Uma personagem forte precisa ter ações significativas, deve ter bons objetivos, deve ser independente a ponto de ter escolhas. O grande problema de personagens fortes é que nem sempre conseguem agradar. Por isso dão-lhe estereótipos para uma fácil e superficial leitura. Assim uma personagem feminina deve ser basicamente uma personagem com feminilidade. Onde tem a capacidade de pensar por si mesma, escolher por si mesma, não precisar de alguém para tomar atitudes por ela. Criando seu próprio caminho sem depender de algum outro personagem, masculino ou feminino.

É difícil se aproximar da realidade por meio de obras de ficção, mas não quer dizer que o autor pode simplesmente ignorar as demandas de uma realidade social que o cerca. Sua cultura. Muitas personagens femininas em Ecchis (gênero que refere-se a relação sexual ou amostra de muita sensualidade), tem características semelhantes a objetos, são unidimensionais e tem como principais funções aparecer nuas em certos momentos ou simplesmente idolatrar homens, sem nenhum motivo aparente.

Não tem problema uma personagem feminina se apaixonar desde que exista uma motivação para isso. Em muitos ecchis essa razão é simplesmente ignorada, transformando garotas em nada mais que meros brinquedos sexuais, para o personagem principal. Esse tipo de garota normalmente é superficial e sua personalidade é rasa, por isso pouco convincente, em muitos casos é essa a intenção. Muitos animes ecchis tentam trazer essa superficialidade em suas personagens femininas, com o intuito de enfraquece-las perante os personagens principais (e enaltece-lo) e causar maior identificação com o publico alvo japonês (que normalmente é composto de jovens inseguros). Outro grande problema que a figura masculina acaba trazendo é a secundarizarão da personagem feminina. Um exemplo disso é a personagem Asuno (Sword Art Online), que começa como uma personagem com personalidade, objetivos e cheia de atitudes. Mas com a chegada do personagem principal tudo se perde e ela entra em módulo descanso, sem tomar atitude alguma, a não ser, servir de casal.
Sword Art Online

Tão pior que uma personagem sem atitude é uma sem personalidade. Uma personagem que só serve para ser estopim de confusões na história. Nada acrescenta. Só irrita e faz joça. Esse tipo de personagem, que por exemplo, tem a função única de ser sequestrada, só denota um jeito pobre de criar situações de problema para a história. Como sabemos, toda trama gira em torno de um problema a ser resolvido. Muitas vezes criar uma personagem que tem a única função de gerar mais e mais problemas é uma solução fácil. Não só para personagem femininas, mas para qualquer personagem que tem esse tipo de função. Não é maldade, não é machismo, é preguiça mesmo. Tanto dos leitores e espectadores quanto dos autores.

Muitos bons personagens, até mesmo masculinos, possuem a função de serem vítimas e causar problemas. Mas sua história individual, junto a sua personalidade, justificam suas ações, tornando-os simplesmente vítimas forçadas da casualidade da trama. Criar personagens que fogem de nossa zona de conforto nem sempre é fácil. O que também prejudica muitos autores, que fazem de tudo para criar boas personagens femininas, mas acabam fracassando. Qual é a solução então, para termos mais mulheres fortes, tanto em filmes, quanto livros e mangás? Simples, termos mais escritoras. 

Cardcaptor Sakura

E foi isso que um grupo de garotas fez, elas montaram seus próprios mangás e os apresentaram de forma independente, criando um grupo de mangakás originário da região de Kansai, no Japão, formado por quatro mulheres: Ageha Ohkawa, Mokona, Tsubaki Nekoi e Satsuki Igarashi. Ainda estudantes, produziram seus primeiros dōjinshis (mangás independentes) até publicarem seu primeiro trabalho com uma editora, RG Veda, na revista mensal Wings (1989). Os estilos de seus mangás são muito variados, desde shōjos até temas adultos. Contando inicialmente com onze integrantes, o grupo reduziu seu tamanho para sete em 1990 e passou a adotar o nome CLAMP, que segundo elas significa "uma pilha de batatas". Durante a produção de RG Veda, saíram mais pessoas, restando apenas quatro integrantes. Recentemente, por ocasião do 15º aniversário do grupo, as integrantes mudaram seus nomes. Vários de seus trabalhos originaram animes, como Cardcaptor Sakura (mangá ganhador do Seiun Award de 2001), Chobits,Guerreiras Mágicas de Rayearth, xxxHOLiC, Tsubasa RESERVoir CHRoNiCLE e Angelic Layer, obtendo um grande sucesso internacional. Em 2006 haviam sido vendidos mais de 100 milhões de volumes de seus mangás, em todo o mundo. Atualmente, devem ter batido os 120 milhões de exemplares vendidos.
 
Sei que é cada vez mais difícil mulheres e destacarem como produtoras desse tipo de entretenimento, mas é necessário grupos de mulheres se apoiando para isso. Ao invés de termos apenas homens como diretores, escritores ou desenhistas. Mas que não se limitem a escrever somente mangás para outras mulheres, como Shoujos. Mas para homens também. Tentarem mostrar uma nova ótica e a beleza de um outro ponto de vista. E para aqueles que acreditam que Shonens são apenas de homens para homens, lembrem de Fullmental Alchimits (escrito pela mangaká Hiromu Arakawa), que é considerado um dos melhores Shonens da década! 

Então sim, as mulheres podem! Por mais que o mundo dos animes e mangás para as escritoras femininas sejam cheios de barreiras, hoje há inúmeras possibilidades com a internet. Corram atrás de seus sonhos. E tragam por meio da arte esse olhar que falta, porque acima de tudo, a arte influencia a vida.



Um comentário:

  1. Bom artigo! O assunto é relevante mesmo, principalmente em se tratando de mangá, onde dificilmente eu vejo personagens femininas fortes e importantes na história. Isso só acontece quando elas de fato são as protagonistas isoladas de seus próprios títulos.

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