"Se lá tudo é lindo e perfeito, deve, portanto, ser um tédio... Um saco." Frauzio está morto. E para pagar pela vida de pecados, foi enviado ao monótono paraíso. A nova HQ de Marcatti leva toda sua escatologia para uma jornada dantesca, onde encontra anjos, Deus e o Diabo. Conversamos com o autor para entender os processos criativos da nova aventura de Frauzio.
Dessa vez, conversando com meu filho André, nos perguntamos "e se o Frauzio morresse?".
Como o Frauzio é um filho da puta, seu destino óbvio seria o inferno. Obviamente decidi pelo contrário.
Qual foi a primeira ideia que surgiu para chegar nessa HQ? Qual foi motivo que levou o Frauzio ao paraíso?
Cada vez que vou criar uma nova HQ para o Frauzio, penso em alguma situação para enfiá-lo em encrenca.
Dessa vez, conversando com meu filho André PiJaMar, nos perguntamos "e se o Frauzio morresse?".
Como o Frauzio é um filho da puta, seu destino óbvio seria o inferno. Obviamente decidi pelo contrário.
Como foi o processo de criação da HQ?
De modo geral, faço meus roteiros baseados em um ponto ou um elemento simples. Durante o processo, vou me fazendo perguntas que levam às conclusões quase sempre inusitadas.
Nessa HQ, a primeira questão era o que ele encontraria no paraíso. Meu principal ponto de abordagem foi "se lá tudo é lindo e perfeito, deve, portanto, ser um tédio... Um saco."
Qualquer reflexão vinda do meu humor cabe ao leitor. Não me agrada e nem quero ser indutivo, proponente ou messiânico.
A obra envolve questões espirituais, religiosas e filosóficas. Quais são suas referências nesses assuntos? Qual a importância de se abordarem esses temas?
Tive uma forte formação católica na infância. Estudei em colégio de padres extremamente severos. A religião, como me foi proposta, era de uma crueldade ímpar. Acabei por encarar aqueles dogmas como frutos de uma imensa pobreza de espírito e um desejo insaciável de poder. Existe um abismo que separa a fé das doutrinas. De qualquer modo, não pretendi conceituar, propor ou aprofundar o tema. Procuro sempre fazer com que meu trabalho seja provocativo. Qualquer reflexão vinda do meu humor cabe ao leitor. Não me agrada e nem quero ser indutivo, proponente ou messiânico.
Tive uma forte formação católica na infância. Estudei em colégio de padres extremamente severos. A religião, como me foi proposta, era de uma crueldade ímpar. Acabei por encarar aqueles dogmas como frutos de uma imensa pobreza de espírito e um desejo insaciável de poder. Existe um abismo que separa a fé das doutrinas. De qualquer modo, não pretendi conceituar, propor ou aprofundar o tema. Procuro sempre fazer com que meu trabalho seja provocativo. Qualquer reflexão vinda do meu humor cabe ao leitor. Não me agrada e nem quero ser indutivo, proponente ou messiânico.
Não me baseio pelo que esperam dele. Ao contrário, desenvolvo suas histórias motivado por surpreender o leitor.
Frauzio possui uma boa base de fãs. O que você acredita que o leitor espera do personagem?
Acredito que o Frauzio tenha tantos fãs porque minha lógica é contrária. Não me baseio pelo que esperam dele. Ao contrário, desenvolvo suas histórias motivado por surpreender o leitor. Mais do esperam dele, me direciono pelo impensável. Cena a cena, meu princípio é o de causar o que chamo de desconforto hilário.
A dificuldade veio justamente de não fazer dessa história um bastião de alguma bobagem. E, confesso, algumas cenas me impingiam a desenrolar discursos conceituais que me levaram a algumas batalhas comigo mesmo.
Quanto tempo levou do roteiro até a obra finalizada?
Sou muito pragmático. Em uma HQ de 24 páginas, não me permito demorar mais do que seis horas de trabalho. No caso dessa HQ específica, tive um pouco mais de dificuldade e acabei fazendo o roteiro em três dias. A dificuldade veio justamente de não fazer dessa história um bastião de alguma bobagem. E, confesso, algumas cenas me impingiam a desenrolar discursos conceituais que me levaram a algumas batalhas comigo mesmo. Do roteiro até o final, levei três meses, o que é uma anormalidade. Uma HQ desse porte não leva mais do que 30 dias. Acontece que, no começo do ano, fiz uma pausa para me dedicar integralmente à adaptação de Os Miseráveis, que é outro trabalho que venho desenvolvendo ao mesmo tempo. Meu ritmo normal é de duas páginas finalizadas por dia.
O que é mais difícil, roteiro, desenho, impressão ou distribuição?
Sem dúvida nenhuma é a distribuição. Vivemos em um país com uma inestimável fartura de autores, uma impressionante e invejável quantidade de leitores e uma ridícula rede de lojas de HQs. Não faz sentido.
Você pode adquirir a HQ diretamente na loja do autor AQUI
Sem dúvida nenhuma é a distribuição. Vivemos em um país com uma inestimável fartura de autores, uma impressionante e invejável quantidade de leitores e uma ridícula rede de lojas de HQs. Não faz sentido.
Você pode adquirir a HQ diretamente na loja do autor AQUI
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