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05:33:00 by Eric Paiva
                                                                                                                                                             Carlos Guilherme Voguel

Documentário ou ficção? Agora Somos 2 é uma série, da Peleja Filmes, onde você vai entrar na intimidade, na rotina e nas DRs (discussões de relacionamento) de um descolado casal tijucano. A fórmula é bem simples: dois amigos + duas amigas = dois casais numa leve e criativa comédia romântica. Sendo a realidade dos milhões de aventureiros de uma vida a dois ou não, é uma história sobre o que compõe nosso dia a dia e fazem os relacionamentos a dois serem muito mais divertidos.


O autor por ele mesmo...

Sou formado em Publicidade e Propaganda, fiz uma especialização em Comunicação Audiovisual e foi então que comecei a buscar cursos na área de cinema e aos poucos fui me envolvendo profissionalmente. Entre 2008 e 2009 participei de um projeto chamado Ficção Viva, onde estudamos e produzimos cinema, com foco na realização de ficção a partir de elementos de documentário. Foi uma grande escola, teórica e prática. Depois disso fiz um curso de roteiro na EICTV, em Cuba, durante as férias, e então vim fazer o curso da Escola de Cinema Darcy Ribeiro, no Rio. Participei também de outras oficinas, entre elas uma de realização cinematográfica na Prague Film School, na República Tcheca. Acredito que alternar a prática com momentos de estudo é fundamental na formação profissional. E estudar em locais diferentes e profissionais diferentes também.

Trabalho principalmente como roteirista e assino o roteiro de alguns curtas de ficção (Retrato de Família, Tutti Frutti, Guia Prático para escolher o sofá dos seus sonhos, Eterno Fim…), escrevi e dirigi meu primeiro curta solo, The Player, lançado em 2015 e que circulou em alguns festivais no Brasil e no exterior. Já escrevi dois roteiros de longametragem, mas que ainda não saíram do papel… Também realizei alguns trabalhos como documentarista, entre eles o mais recente foi um doc chamado “Copinha, um Sentimento”, junto com meus parceiros de trabalho Marcelo Engster e Fábio Erdos, que recentemente foi vendido ao Canal Brasil.

Com relação aos meus gostos pessoais acerca do audiovisual, acho que curto um pouco de quase tudo. Gosto principalmente de boas histórias, independente do formato ou veículo, seja cinema, série, minissérie ou telenovela. Sou um consumidor de audiovisual… Assisto muita coisa... Acho importante pra quem trabalha com roteiro assistir um pouco de tudo, não tenho preconceito com nenhum gênero. Meu preconceito é com a forma de abordagem rsrsrs…

Além disso leio muito também e sinto falta de ir mais ao teatro. Pra ser um bom roteirista, é necessário estar em contato com as diversas formas de se contar histórias.

  


“Agora Somos 2” é sobre um jovem casal, o Téo e a Ludi, que tenta (ou acredita) ser descolado, mas que no fundo formam um casal meio tradicional, meio careta… Eles se inspiram muito num casal de amigos, o Rafa e a Carol, que levam a vida de uma forma mais tranquila, sem rótulos. 
 
Mas no final das contas, eles continuam sendo eles mesmos. O Téo é mais brincalhão, a Ludi é mais séria. Os conflitos deles surgem a partir disso e também da convivência diária. A ideia foi abordar os conflitos diários de forma bem humorada.





Como costuma ser seu processo criativo e como foi o processo de idealização da websérie?

No início eu sempre começo fazendo anotações, pensando na história que vai ser contada, tipo princípio, meio e fim. É importante saber onde se quer chegar. Mas nem sempre isso acontece automaticamente. Na verdade raramente…

Se estou trabalhando sozinho, chega uma hora que eu preciso formatar o roteiro e chegar numa primeira versão da história, que ainda é um rascunho. E aí depois trabalho em cima disso. Quando estou trabalhando com outras pessoas, antes dessa primeira versão do roteiro, discuto a história, troco ideias, pra depois escrever.

Com relação a essa websérie, a ideia inicial nasceu como um projeto pra televisão, que foi selecionado pra um pitching, mas acabou não acontecendo. Naquele momento eu trabalhei sozinho na hora de escrever cada episódio e aí depois me reunia com um grupo de roteiristas e produtores e aí discutíamos cena por cena, diálogos, personagens, etc. Depois disso, a série ficou engavetada, com três roteiros prontos, por alguns anos. Aí o Marcelo, que é o diretor e que conhecia os roteiros, se interessou por produzir e trouxemos pra discussão em uma reunião do nosso coletivo, a Peleja Filmes, e aí entramos num processo de adaptação (a série inicialmente se passava em Curitiba e realocamos esses personagens na Tijuca) e reescrita dos roteiros. Em outras palavras, foi preciso transformar o sotaque “leite quente” e a essa coisa mais introspectiva do curitibano, na malandragem e no chiado carioca, mas num local bem específico que é a Tijuca. Então foi preciso pesquisa, discussão, ensaios com os atores e novos tratamentos dos roteiros.


E como ela se transformou num mockumentary?

Aqui entra a questão da direção. Tínhamos uma história, tínhamos os personagens e o local onde a coisa aconteceria, mas ainda precisávamos definir como iríamos mostrar isso. O mockumentary acaba sendo cômico por brincar com a realidade, então acho que a escolha tem um pouco a ver com isso também. Algumas series de comédia se utilizam dessa linguagem, como Modern Family, Parks and Recreation e The Office. Outra coisa interessante do mockumentary é a forma como a câmera pode ser utilizada, e aí vem a fotografia da série, que tem essa coisa de câmera na mão, de perseguir os personagens, de correr atrás do foco… 


Houve alguma pesquisa ou inspiração em algum fato cotidiano?

Ah, isso sempre tem… A gente sempre escreve sobre aquilo que conhece. Quem nunca mandou uma cantada na balada que atire a primeira pedra…



Como a relação entre os personagens é construída e como o público se identifica com o casal protagonista?

Essa questão da identificação do público é sempre uma aposta. A gente torce pro público se identificar, mas nunca tem como saber se realmente vai dar certo.

As relações entre os personagens vão sendo construídas na narrativa, no roteiro… mas isso vai se transformando. A forma como o diretor trabalha a construção dos personagens de forma visual, também tem uma importância muito grande, porque até então está só no papel. Os atores também trazem muita coisa. E aqui temos um fato interessante, porque o Tiago e a Flávia são um casal na vida real, já tem uma intimidade entre eles que antecede a série… é muito fácil pra eles enganarem o roteirista e o diretor rsrsrs… No audiovisual todo mundo colabora, cada um traz um pouco…


Com uma grande porcentagem do que é feito no youtube está voltado para o humor, como você vê o futuro do gênero e das webséries no país?

Pra mim isso ainda é um mistério… Mas acredito que como a internet é um meio de fácil acesso, tanto pra assistir como para disponibilizar, sua utilização vai continuar, mas nesse meio tudo evolui muito rápido, então não sabemos a forma como isso vai se dar…

Um sinal de que esse meio tem público é que a própria TV Globo, que é a grande produtora de audiovisual televisivo do país, já está explorando isso criando spin off de alguns produtos seus, especificamente pra web. Já fez isso explorando o gênero comédia, com derivados de telenovelas como Totalmente Demais e Haja Coração e também com documentário no caso da novela Sete Vidas, que abordava a reprodução assistida e trouxe pequenos webdocs com casos reais.



Há um mercado financeiramente viável para a websérie no Brasil?

Existe, mas como tudo no mundo audiovisual, é muito difícil. Temos casos que fizeram sucesso principalmente com o público jovem. Acho que “Lado Nix”, lá de 2011, foi uma das primeiras. Há casos de “parcerias” entre tevê e internet, como o VidAnormal, que foi ao ar pela TVCOM de Porto Alegre entre 2007 e 2008, e depois de passar na televisão eram disponibilizados no site do programa, numa época em que isso não era muito comum aqui no Brasil. E deu certo pra um programa regional.

Agora com as plataformas de streaming a coisa pode mudar, vejamos o caso de 3%, que teve seu piloto originalmente lançado no YouTube e agora se tornou a primeira série brasileira da Netflix.


Quais as dificuldades e vantagens de ser um autor/roteirista independente? E como é possível estar no mercado?

As dificuldades são muitas, porque é difícil se manter produzindo constantemente. Você pode escrever sempre, mas o percentual disso que efetivamente é produzido é muito pequeno. Mas você aprende, evolui… essa é uma das vantagens. A outra é que você pode escrever sobre aquilo que você quer falar. É diferente de quando você é contratado pra escrever algo. Vale aquele velho clichê de que tudo na vida tem seu lado bom, basta
você saber explorar isso.



O que você indicaria para quem quer fazer sua própria websérie?

Eu indicaria ter bons amigos ligados ao audiovisual rsrs… sem brincadeiras… é que produzir depende de muita gente, é preciso o envolvimento de bons profissionais e se eles estão perto de você e também querem produzir, isso ajuda muito.

Ou então você pode ter dinheiro, aí você contrata gente pra trabalhar. Mas não foi o nosso caso, fizemos com muito pouca grana. A gente acredita na força do coletivo. Gente boa querendo trabalhar que se reúne pra produzir junto. E quando você está cercado de pessoas legais, o trabalho deixa de ter um peso e se torna um prazer e isso é muito bom…


Não percam os episódios que estarão online toda quarta-feira. E assista aqui o primeiro capítulo desse projeto bacana e divertido:




 

2 comentários:

  1. Alexsascho02:29

    Sao roteiro de muita sensibilidade desse jovem. Ja assisti a alguns. Recentemente vi o Copinha, um sentimento. Mas lembro de um mais antigo que tratava da vida na terceira idade.

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  2. Muito bom gurizada!! Vida longa pra Peleja Filmes e Quadrinholatra!!!

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