Não faz muito tempo que comecei a gostar de filmes de terror - e quando digo 'gostar', quero dizer 'ficar viciada' no...

07:57:00 by Manuela Joana Engster


Não faz muito tempo que comecei a gostar de filmes de terror - e quando digo 'gostar', quero dizer 'ficar viciada' no gênero. Mas vamos ser sinceros, é mais difícil de acreditar em uma história comum que segue o padrãozinho 'transou, vai morrer' e 'é negro. morre primeiro', do que naquelas que já começam com 'baseado em fatos reais'. Com a Bruxa de Blair foi mais ou menos assim. Quer dizer, fizeram uma baita propaganda dos atores como 'desaparecidos' que, quando surgiu o tal filme, muitos acreditaram que fosse real - e devem ter tido noites de sono difíceis (ainda não superei a cena das crianças invisíveis balançando a barraca). E é aí que entram os documentários de terror, não pra fingir que são reais, como Bruxa de Blair, mas para mostrar uma realidade assustadora que te faça ter a mesma sensação que teve com o hit de 99.
The Nightmare, ou O Pesadelo - Paralisia do Sono, se não me engano, é o primeiro documentário deste estilo que assisto. Dirigido por Rodney Ascher (O Labirinto de Kubrick), The Nightmare acompanha 8 pessoas que tem ou tiveram paralisia do sono, um distúrbio que não tem cura (só tratamento) e que se caracteriza, normalmente, com a incapacidade de movimentos ao pegar no sono ou ao acordar. Porém, para piorar, algumas pessoas tem a sensação de que há alguém ou alguma coisa próximo a elas ou encima delas, sufocando-as. Muitas vezes, essa presença é visível, tem uma forma que se move e interage com elas. E é o que essas 8 pessoas descrevem neste documentário: seres alienígenas, sombras humanas, gatos endiabrados, seres gigantescos e até um apresentador de noticiário. Segundo matéria do Mistérios do Mundo,  isso acontece porque o cérebro está em um estado 'hiper-vigilante', ou seja, fica a espera de um ataque, mas muitos do participantes do The Nightmare não acreditam mais na explicação científica.

Imagem: pôster oficial

Porém, isso tudo só foi possível porque o próprio diretor afirma ter tido experiências de paralisia do sono. E ele resolve não somente entrevistar o pessoal, mas transforma suas histórias em realidade e, com o fato de colocar em primeira pessoa, parece que nós, espectadores, também conseguimos passar por todo esse horror. No entanto, ele peca um pouco com essas experiências: elas são fantásticas demais para assistir sem estar com uma pulga atrás da orelha; é um documentário sobre histórias reais, mas que, aos poucos, vão ganhando caráter sobrenatural, quer dizer, ~SPOILER~ como acreditar num cara vendo um ser gigantesco com olhos vermelhos falando que ele vai morrer, e a garota que dorme ao seu lado acorda gritando que havia um gato preto em seu peito que o olhava - com olhos vermelhos! - e falava numa língua demoníaca? Ou quando o cara vai pro meio do mato com sua namorada (que curiosamente pode já ter morrido) e tem o contato com um ser azulado e, depois, com os seres alienígenas que o visitavam noite sim, noite não? ~SPOILER~ Inclusive, em uma crítica feita pelo A Escotilha,  Rodolfo Stancki constata que nenhuma afirmação é validada durante o filme, ou seja, em nenhum momento ele afirma que é tudo real. E isso acontece também no outro documentário de Rodney, Labirinto de Kubrick (Room 237), onde explora várias conspirações em torno do clássico de 1980, O Iluminado. Segundo Rodolfo:
Essa não é a primeira vez que o cineasta documenta delírios coletivos como retratos da realidade. Em 2012, o filme O Labirinto de Kubrick (Room 237) deu voz a um bando de conspirações malucas sobre O Iluminado (1980), de Stanley Kubrick. Sem qualquer afiliação com pessoas ligadas à produção, o documentário mostra possíveis sentidos ocultos na celebrada (e pouco fiel) adaptação do romance homônimo de Stephen King.


Pontos Positivos

O documentário é realmente assustador, afinal, não comprovado que os depoimentos sejam reais - mas, também, não é comprovado que não sejam reais; e é nessa dúvida que paira o terror. Além disso, a encenação das visões é maravilhosa, principalmente nas cenas em primeira pessoa, onde você se vê praticamente na mesma situação que aqueles que a relataram.

Pontos Negativos

Talvez, se não tivesse escolhido depoimentos tão fantásticos, fosse mais fácil de acreditar. A paralisia do sono já é algo assustador, então, não havia necessidade de experiências mirabolantes que não convencem muito. Algo que seria interessante, mas acabou faltando, é o depoimento do próprio diretor, afinal, se ele também passou por essa situação, seria muito legal ver isso na tela.


Dados do filme

Direção: Rodney Asher
Produção: Ross M. Dinerstein e Glen Zipper
Lançamento: 26 de janeiro de 2015 no Sundance Film Festival
Duração: 90 minutos
Indicações: Cinema Eye Honors Awards (Outstanding Achievement in Graphic Design or Animation/ Outstanding Achievement in Original Music Score) e Moscow International Film Festival (Best Film of the Documentary Competition)
Disponível: Netflix 




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