Não é novidade o gosto do povo gaúcho pelo regionalismo. As tradições sulistas são presença forte na literatura, música, artes plásti...

15:41:00 by marcelo engster


Não é novidade o gosto do povo gaúcho pelo regionalismo. As tradições sulistas são presença forte na literatura, música, artes plásticas e cinema do Rio Grande do Sul. E não poderia ser diferente com os quadrinhos. Diversos autores e personagens abordam as peculiaridades da região. Luís Fernando Veríssimo e seu Analista de Bagé, Santiago e o Macanudo Taurino, Bier e o Rio Grosso do Sul, Canini e o Pago Pra Ver.
Esse apego às tradições forma um mercado praticamente auto suficiente. Autores gaúchos conseguem publicar e distribuir na região. Eles mantém um público cativo, apaixonado pelas obras e personagens.
Com “Tapejara, O Último Guasca” não é diferente. Provavelmente um dos mais novos dessa antiga abordagem. A grossura, a ingenuidade e o bom coração desse guasca conquistaram uma leva de fãs. Tanto que hoje é publicado em cinco jornais, além de fanzines, livros e na internet.
Em mais uma entrevista da nossa série sobre processos criativos, conversamos com o criador do Tapejara, o Paulo Louzada. Nascido na capital Porto Alegre, foi no interior do Rio Grande do Sul que encontrou inspiração para seu trabalho. Confere:

Como você começou a trabalhar com quadrinhos?

Comecei a publicar minhas tiras profissionalmente em 1997 na revista mensal Transportinho da EPTC em Porto Alegre.


Como é seu processo criativo? Você tem uma rotina de criação? Tem metas? Como fazer pra chegar da ideia ao papel?
Não tenho uma regra. Acho que o cérebro por necessidade acaba criando um link e o processo se dá por osmose com as bizarrices do cotidiano.

Quais temas gosta de abordar?

Acompanho os noticiários, ouço causos, vejo uma cena na rua. Tudo serve! Não abordo temas que envolvam desastres e mortes até a data do Titanic.


Você tem um trabalho bem regional. Qual a sua ligação com esse tema? O que te levou a trabalhar com ele? Como você acha que ele dialoga com outros públicos?

Minha família é natural da Campanha. Apesar de nascer em Porto Alegre. Na infância vivenciei ativamente das lides do campo e seus costumes. Além do convívio cotidiano dentro de casa com meus pais e tios. Quanto ao diálogo com o leitor, procuro mesclar o vocabulário do campo com o raciocínio de síntese da cidade. Na maioria das vezes funciona.

Quais suas principais referências? O que te inspira?
A velha guarda do cartum cômico: Bill Elder, Carl Barks, Don Martin, Chuck Jones, Harvey Hutzman, João Carlos, Canini... a lista é longa. O que me inspira além do ordenado e a insigne satisfação do cliente, é a confusão mental que vive o cidadão comum e as suas vaidades. Não tem como errar.


Você faz alguma pesquisa para suas histórias?
Em relação a ideia, uma volta na quadra geralmente resolve. Quanto a alguma dúvida anatômica ou referencial ao tema a Internet é a janela.

Como chegar até o público? Como estabelecer uma relação com o leitor?
Fazer ele rir.


Você publica tirinhas na internet, jornais e livros. Quais as dificuldades para publicar digital e físico? Quais são os cuidados que se deve tomar em cada um desses formatos? Quais são as dificuldades na distribuição?
A maior dificuldade é a preguiça. Hoje com a carga de informação disponível e as múltiplas plataformas de suporte que existe. A obstinação é o segredo para se chegar ao público e talvez obter sucesso.

O que aconselharia para quem está começando ou quer trabalhar com quadrinhos?
Ler e estudar muito sobre o assunto - e principalmente se divertir.  Depois de filtrar o que interessa, jogar o restante fora e criar seu próprio estilo.



0 comentários:

Postar um comentário