Monografia comendo solta e praticamente me impedindo de ler gibis. Porém, como ela trata exatamente de quadrinhos, estou lendo muito SOBRE ...

15:55:00 by marcelo engster

Monografia comendo solta e praticamente me impedindo de ler gibis. Porém, como ela trata exatamente de quadrinhos, estou lendo muito SOBRE eles. Para não deixar esse blog muito tempo sem atualizações, vou escrever sobre os livros que estão me ajudando nesta empreitada. O primeiro é o livro-guia da minha monografia. É a obra "Para Ler o Pato Donald: Comunicação de Massa e Colonialismo".
“Para Ler o Pato Donald” foi escrito no período Allende no Chile, em 1971 por Ariel Dorfman e Armand Mattelart. O livro é uma análise de como a sociedade é representada nos quadrinhos Disney. “Além da cotização da bolsa, suas criações e símbolos se transformaram numa reserva inquestionável do acervo cultural do homem contemporâneo: os personagens têm sido incorporados em cada lugar, colados na paredes, acolhidos em plásticos e almofadas, e por sua vez têm retribuído convidando os seres humanos a pertencer à grande família universal Disney, além das fronteiras e das ideologias, aquém dos ódios e das diferenças e dos dialetos” comentam os autores sobre a importância dos gibis da Disney.
O livro é feito sobre o viés marxista. Já na introdução eles deixam claras suas posições, através da ironia: “Os responsáveis do livro serão definidos como soezes e imorais (enquanto o mundo de Walt Disney é puro), como arquicomplicados e enredadíssimos na sofisticação e refinamento (enquanto Walt é franco, aberto e leal), membros de uma elite envergonhada (enquanto Disney é o mais popular de todos), como agitadores políticos (enquanto o mundo de W. Disney é inocente e reúne harmoniosamente todos em torno de colocações que nada têm a ver com os interesses partidários), como calculistas e amargurados (enquanto que Walt D. é espontâneo e emotivo, faz rir e ri), como subversivos da paz do lar e da juventude (enquanto W.D. ensina a respeitar a autoridade superior do pai, amar seus semelhantes e proteger os mais fracos), como antipatrióticos (porque sendo internacional, o sr. Disney representa o melhor de nossas mais caras tradições autóctonas) e por fim, como cultivadores da “ficção-marxista”, teoria importada de terras estranhas por “facínoras forasteiros” renhidas com o espírito nacional (porque o tio Walt está contra a exploração do homem e prevê a sociedade sem classes no futuro).”
A obra trata de temas como a falta de progenitores nos quadrinhos Disney, a relação com o universo feminino, a busca incessante das personagens pelo ouro, o dinheiro como fim último em praticamente todas as histórias, como são retratados os países para qual as personagens viajam entre outros. Muito válido para quem deseja conhecer um pouco mais do universo Disney e sobre a utilização de quadrinhos como meio de propaganda de ideologias. Claro que, por se tratar de um livro com viés político, algumas partes são exageradas. Cabe ao leitor saber o que vale a pena levar a sério. Uma dica, depois ou durante a leitura do livro, leia também quadrinhos da Disney para perceber o que realmente tem fundamento.
O livro pode ser encontrado na Biblioteca Central da UFSM, mas por favor, ninguém reserve ele até o dia 20 de dezembro, huehuehuehue.

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Tirinha de Adão Iturrusgarai surrupiado do Blog dos Quadrinhos

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